Saímos de Montevideo/UY e fomos para Buenos Aires/AR já com algumas coisas em mente:
- As pontes que ligam estes países estavam fechadas (ou cerradas, como eles dizem) por causa de conflitos políticos.
- Não conseguimos a Carta Verde, o que poderia nos trazer problemas na Argentina.
- O dinheiro estava acabando.
Seja o que o destino quiser! Ao menos eu tinha ganhado a estadia no albergue em Buenos Aires no bingo realizado no albergue de Montevideo, um bom sinal.
O plano era seguir para Colonia del Sacramento e pegar um Buquebus (uma espécie de balsa) e fazer a travessia do Rio da Prata. Havia a opção de pegar a balsa em Montevideo, mas seria mais caro e menos estrada pra rodar, menos lugares para conhecer, menos diversão. Como todas as estradas do Uruguai, o caminho para Colonia era um tapete.
Conhecemos no caminho um americano que viajava de moto pela America do Sul. O detalhe curioso é que ele nos contou que um companheiro canadense que só tinha um braço o acompanhou, também de moto, até Buenos Aires. Isso é que é força de vontade.
Encontrar o porto em Colonia não foi difícil. Uma pena que o tempo estava curto e não tivemos como conhecer a cidade, que dizem ser muito bonita.
Quando fomos comprar a passagem para a travessia, não haviam mais passagens para o barco mais lento e mais barato, apenas para o mais rápido e caro. Se me lembro bem, pagamos algo como 280 dólares pela travessia: 100 dólares por moto e 40 dólares por cabeça. Apesar de caro, o barco é muito confortável e o compartimento de veículos é de primeira. A travessia durou cerca de 2 horas.
Chegamos e fomos direto para o albergue descansar. A cidade estava vazia, por causa da Semana do Turismo (algo como a Semana Santa, com um nome mais apropriado). Todos os portenhos estavam no interior da Argentina ou tinham ido para o Brasil ou Uruguai.
Lembram que eu tinha ganhado a hospedagem no albergue? Pois é, chegando lá a recepcionista disse que não sabia de nada. Meia hora de portunhol e alguns telefonemas e foi tudo resolvido.
No dia seguinte fomos conhecer um pouco da cidade. Os pontos turísticos mais manjados são o Obelisco e a Casa Rosada (sede do governo).
No centro havia uma exposição de fotos da Guerra das Malvinas, que estava fazendo 25 anos. Foi uma guerra que a Argentina perdeu para a Inglaterra, por um território hoje conhecido como Falkland Islands, mas que em todo mapa Argentino é retratado como se ainda fosse da Argentina.
Os argentinos de um modo geral são mais patriotas que os brasileiros (ou pelo menos demonstram isso). Muitas bandeiras espalhadas por todo lado, muito culto a identidade argentina. Talvez esse sentimento seja fruto de uma guerra recente.
Fora o passeio, não fizemos nada de emocionante: muito cansados, sem dinheiro, cidade vazia. O que vai deixar Buenos Aires inesquecível é o fato de lá ser o ponto de partida do trajeto mais emocionante de nossa viagem (cenas do próximo capítulo). Aguardem!