Lembro-me ao chegar em Cuiabá ter visto a seguinte placa: "Bem-vindo à Cuiabá, Centro Geodésico da América do Sul". De fato é um título pitoresco. Eu e o Milton, em nossa ignorância, começamos a especular sobre o que diabos seria um centro geodésico. A teoria por nós desenvolvida é que se trata do centro hipotético sul americano, onde, em média, a partir deste local, teria-se a menor distância para qualquer canto que você quisesse ir.

Partimos logo cedo em busca do marco do centro geodésico atrás de respostas. O primeiro nativo questionado sobre o que seria tal coisa, afirmou que o marco era um local cortado pela Linha do Equador (!?). No fim, nossa teoria estava correta, ou mais próxima do que realmente aquele obelisco homenageia, calculado por técnicos do exército a mando do Marechal Rondon.

Continuando o passeio à pé pela cidade, tentamos visitar o tão falado Museu da Caixa D'água, que estava misteriosamente fechado para visitação. Infelizmente o centro de informações turísticas também não estava aberto para nos esclarecer os motivos. Nos restou bater perna no centro histórico da cidade, registrando praças e igrejas. Destaque para o Museu do Tesouro do Mato Grosso, com um pequeno acervo, mas bem interessante, sobre a história da ocupação humana no estado.

Em um momento consumista, pausa para compra de roupas, em uma loja com o sugestivo slogan "cheap fashion". Detalhe que o Milton, pela parte da manhã, havia deixado a bota em um sapateiro para consertar o solado furado, enfatizando o caráter "low cost" da viagem.

No dia seguinte, antes de partimos para a viagem, uma surpresa: o senhor que parecia ser o proprietário do hotel, espontaneamente nos deu um baita desconto. Para completar, ele ainda nos deu umas garrafas de água mineral para a viagem.

A água mineral vendida em Cuiabá, de nome Puríssima, é algo peculiar. Nunca fui de perceber muita diferença entre sabores águas minerais, mas esta água em particular é excelente. Teoricamente água deveria ser algo insípido, mas esta despertou nosso paladar.

Alegres com o presente, seguimos por uma rota alternativa para Rondonópolis/MT, via Chapada dos Guimarães. No caminho, uma pausa em um posto de arrecadação de doações para o Haiti. É a nossa vez de fazer boas ações.

A estrada para a Chapada é ótima. Paramos em um mirante/restaurante chamado Morro dos Ventos. De lá contemplamos uma boa visão das montanhas, uma bela queda d'água e araras voando livremente pelos céus ao mesmo tempo que gritavam feito loucas. O restaurante serve uma excelente comida. Finalmente saboreamos o que nosso amigo Sheldon batizou de "feijão-feijão" (o feijão cozido em sua essência), diferente do feijão do que estávamos acostumados no Amazonas, que eu chamo de "feijão-aguado-com-folhas-boiando". Antes que meus amigos amazonenses atirem pedras: gosto (gastronômico inclusive) não se discute.

A região me pareceu ainda pouco explorada turisticamente, mas o governo estadual notavelmente está investindo. Tem muito potencial: sendo Cuiabá sede da Copa do Mundo, logo Guimarães será o "destino ecoturístico do momento".

Seguimos para Rondonópolis/MT e como nem tudo são flores, ao chegar em Jaciara/MT, nos deparamos com estrada ruim até o nosso destino final. O caminho era tão ruim que oferecia buracos, quebra-molas, desníveis, falta de sinalização, remendos mal feitos, enfim; tudo que um trecho em péssimo estado pode oferecer e um pouco mais.

Totalmente quebrados pelo desgaste deste fim de percurso, pousamos em um hotel à beira da estrada sem sequer entrar para conhecer a maior cidade do interior mato-grossense. Uma pena.

Carregando fotos...


comments powered by Disqus