Passado o stress do embarque, com o barco já no rio, a viagem segue tranquila. Eu e Milton pegamos uma intoxicação alimentar no barco. Isto realmente nos incomodou muito. O banheiro do barco era um recurso escasso e raramente estava limpo. Ainda bem que eu já estava melhor no dia seguinte e consegui aproveitar a viagem. Recomendo levar a própria água neste tipo de viagem.

O povo do norte é sempre hospitaleiro e festeiro. Conheci muitas pessoas neste barco e muitas histórias de vida incríveis. Tinha um cara que não via a mãe havia 20 anos e estava muito animado porque ia encontrá-la em Belém. Nem precisa dizer que o forró comeu solto a viagem inteira, né? (todas as fotos foram tiradas pelo Jonas)

Forró comendo solto

Paramos no porto de Santarém onde desci com o Jonas para comer alguma coisa boa. Milton ficou no barco porque ainda se recuperava da intoxicação. Fiquei muito inconformado de não ter conhecido Santarém. Todos falam que uma cidade muito bonita e cheia de atrações turísticas.

Seguindo viagem, chegamos a Gurupá, um pequeno vilarejo na margem do Amazonas. Ao longo da viagem, vimos na margem do rio diversos vilarejos e casinhas, isoladas no meio do nada.

Gurupa Casinha Casinha

É muito comum, diria que uma tradição, quando embarcações passam por perto, as crianças pegam suas canoas e ficam paradas perto da rota do barco esperando ele passar. Então os passageiros do barco mandam coisas diversas para os ribeirinhos (embaladas em sacolas plásticas para não afundar no rio). Um passageiro teve uma iniciativa muito legal e comprou diversos presentes como bola e carrinhos de plásticos. Os presentes dados aos ribeirinhos vão de roupa, brinquedos, refrigerantes a material de higiene pessoal. Este pessoal tem uma série dificuldade a ter acesso a essas coisas, mas não tenho idéia de quão dependente eles são dos presentes. Alguns ribeirinhos amarram sua canoa no barco para comercializar coisas como frutas e camarões com os passageiros.

Ribeirinho pegando um
presenteRibeirinhos Ribeirinho vendendo
camarão

Durante a viagem, outra coisa foda de suportar era o sol. Faz muito calor e teve um dia que estava jogando baralho com uns estrangeiros muito legais que conheci no barco (o jogo chamava-se Arschloch, algo como Cara de Cu em alemão, hehe) sem camisa e eram 15h. Estou igual a um pimentão. Tinha umas duchas no barco que me salvaram algumas vezes.

Chuveiros Chris e
Jeff Chris, Ruben e
Zepp

A parte mais sinistra da viagem foi quanto passamos à noite pelo estreito de Breves, uma forma de contornar a Ilha de Marajó por baixo, saindo do Rio Amazonas e chegando ao Rio Pará. É como passar com o barco no meio da floresta. É cheio de casa em ambos os lados. Você sempre tem a impressão de estar vendo onças, pessoas e luzes no meio da floresta.

No dia seguinte já acordei com a galera falando que estava chegando em Belém. Muita alegria no barco quando Belém surgiu no horizonte. Descer no porto de Belém foi muito tranquilo. O porto de Belém é bem organizado. Fomos direto para o hotel e descansar.

Bodando
na
chegada...Belem Quarto de
hotel

O que tenho para concluir a história é que apesar dos diversos contratempos, foi incrível e valeu a pena. No final tudo deu certo e estamos em Belém. Uma viagem bem mais emocionante que um vôo de 3 horas num avião. Vencemos o Rio Amazonas. :)



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