Dia de passeio pelas ruas de Goiás. Escolhemos alguns destinos aleatórios próximos ao hotel e botamos as sandálias pra amassar as calçadas. Infelizmente, muito da aparelhagem turística local estava fechada para reforma e isso acabou empobrecendo um pouco o tour, mas sem tirar o brilho das atrações encontradas.

As áreas verdes centrais são muito bonitas, com passeios, parques, lagos e córregos que parecem teletransportar o espectador para outro mundo, longe da correria e barulho da cidade grande. Também tiramos algumas fotos do monumento às três raças ostentado ao centro da área cívica, uma bela representação da união dos povos necessária na ocupação e desenvolvimento do estado.

Graças ao ávido interesse - eu diria quase colonial - do Thiago, descobrimos que em Goiânia havia uma atração única, só encontrada lá, o museu das aves empalhadas. Aproveitamos sua localização pra experimentar o transporte público de uma capital planejada, o que foi deveras agradável devido ao preço baixo da tarifa (acho que R$ 1,25, se não me engano) e a agilidade do expresso dentro da sua via exclusiva na avenida principal.

Com a promessa de uma visita ao museu agendada para as 17hs devido a falta de funcionários, aproveitamos para conhecer o centro comercial da cidade, visitando o camelódromo, várias lojas de caça e pesca e de ferramentas, onde compramos os jogos de chaves allen necessários para apertos diversos nas motocicletas e jogamos uma partida do clássico arcade Cadillac and Dinosaurs pra matar a saudade.

Confesso que ao voltar ao museu não estava muito animado. A fachada pouco convidativa, de uma casa quase comum, e o cansaço da andança revezavam para exigir minha volta ao apartamento para um banho quente e uma cochilada. Mas esse desânimo durou somente até sermos apresentados ao nosso guia, para nossa surpresa o próprio Prof. Dr. José Hidasi, 83 anos, membro honorário do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, curador do museu ao lado de sua casa e fundador/restaurador de mais 13 museus pelo Brasil afora, que disse-se feliz por receber visitantes de Manaus, lugar onde tanto aprendeu e conviveu.

Como todo bom professor, não faltou energia para nos mostrar todas as seções de seu museu ornitológico, com mais de 120 mil exemplares de aves e outros animais empalhados ou reproduzidos em belas esculturas, espalhados pela área do museu ou dentro de seu cobiçado arquivo científico, uma sala reservada somente para visitas mais ilustres. ;-)

Apesar de saber da biologia definitivamente não ser o nosso forte - nessa hora lamentei ainda mais a ausência de nosso amigo Adenilson - o mestre não poupou informação. Contou desde causos de como capturou alguns dos animais lá encontrados; de como já se interessava por aves desde sua infância na Hungria; de como a biologia avançou da prática de caça e preservação através do empalhamento (técnica que ele mesmo aprimorou de maneira autônoma) para os registros de áudio, vídeo e DNA; sobre a situação lamentável da desmatação na ilha do Bananal, sobre qual seria o pássaro símbolo de cada estado da federação e muitos outros assuntos. Realmente, fomos agraciados com várias aulas, sobre os animais, o meio ambiente e, principalmente, sobre a vida.

Pra fechar o tour na cidade, seguimos a sugestão do colega etrunko e rumamos a noite para um bar chamado Taurino. Realmente o lugar era muito bem arrumado e tinha bastante gente animada ao som de vários sertanejos, porém nosso dia tinha sido bem cansativo, fazendo-nos decidir por um jantar num restaurante ao lado chamado Pinguim (aparentemente não relacionado com a franquia de Ribeirão Preto).

A viagem pela BR-060 prometia muito, pois o trecho seria curto e a mesma foi várias vezes premiada como melhor concessão da região. Nós somente não contávamos com um enorme prego na entrada do posto de gasolina perto de Anápolis. A troca da câmara do pneu traseiro da moto do Thiago e uma parada pra desestressar numa lanchonete de beira de estrada com uma vista fantástica nos custou mais de 6hs nos 200km dessa rodovia. Chegando em Brasília, penamos bastante pra encontrar o endereço correto do albergue (informações erradas no site do hostel) antes de podermos descansar os esqueletos e as máquinas. Mas a rápida passada pela esplanada dos ministérios e palácio da alvorada ajudou a reativar o ânimo cívico por finalmente chegarmos na capital federal de nosso país.

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